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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Novos geoglifos são registrados por fotógrafo durante sobrevoo no Acre em área inédita

2022-07-02 19:07:33

Novos geoglifos são registrados por fotógrafo durante sobrevoo no Acre em área inédita

O Acre é pioneiro e referência quando o assunto é geoglifos. Ao todo, o estado tem registrado mais de mil monumentos, conhecidos por serem estruturas geométricas escavadas na terra, em formato de quadrados, retângulos ou círculos.

Desta vez, uma nova descoberta foi registrada. O site oficial do governo divulgou, nessa quinta-feira (30), novos desenhos que foram fotografados pela equipe do governo durante um sobrevoo de rotina do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).

Os monumentos foram encontrados entre a margem direita do Igarapé Miterrã e a margem esquerda do Rio Rapirrã, próximos à Bolívia, mais precisamente entre os municípios acreanos de Capixaba e Plácido de Castro.

No site oficial do governo, o profissional diz que já tem técnica e também autor dos outros registros de geoglifos no estado, destacou ainda que o horário do voo – antes do amanhecer – ajudou para o registro.

Ao todo foram registrados três conjuntos de geoglifos próximos uns dos outros, circulares e quadrados.

“Só foi possível enxergá-los graças à angulação acentuada dos raios solares da manhã, caso contrário seria praticamente impossível enxergá-los, pois seus barrancos não produziriam uma sombra”, afirmou Diego Gurgel.

O paleontólogo Alceu Ranzi, um dos primeiros a estudar os sítios arqueológicos encontrados no Acre e que é autor de diversos livros que abordam esses estudos, explica que o registro desses monumentos nessa região – fronteira com a Bolívia – é inédito.

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Ainda não havia registros dos geoglifos nessa área, segundo pesquisador — Foto: Diego Gurgel/Secom

“Nós ainda não tínhamos registro nesta fronteira. Temos muitos próximos de Plácido de Castro e ao longo da BR-317, sentido para Capixaba, mas, ao longo da fronteira com a Bolívia, que já é de difícil acesso, a gente não fez trabalho de campo nessa região. É uma descoberta extremamente importante, porque amplia a área. A gente focava muito na área de Boca do Acre, trabalhando naquela região do Sul do Amazonas e Norte do Acre, mais para o lado de Acrelândia, e veio essa maravilha que está aí. Nessa região, como está descrito, é a primeira vez que se faz esses registros”, diz.

Assim que fez o registro, o fotógrafo Diego Gurgel procurou Ranzi e mandou algumas imagens. Não é a primeira vez que o profissional faz fotos dos monumentos históricos. Inclusive, ele tem parceria com o paleontólogo, que usa suas fotos em suas literaturas.

“O Diego desenvolveu essa capacidade. Ele aprendeu a olhar e identificar. Lembro que há 20 anos, eu também olhava e não enxergava as formas, até que fomos percebendo onde tinha que focar, altitude que tinha que voar, qual era o foco que precisávamos dar e logo fomos achando um atrás do outro. Se você não tem um olhar treinado, você passa batido”, explica.

Estudos

Os geoglifos descobertos na Amazônia na década de 1970, com o aumento dos desmatamentos e começaram a ser melhor estudados a partir dos anos 2000. Teriam sido construídos por civilizações que ocuparam o sul da Amazônia, antes da formação da floresta e seriam usados para cerimônias e rituais religiosos.

Com o avanço do desmatamento e também o uso de algumas tecnologias, é possível encontrá-los com mais recorrência.

“O nosso estado talvez seja, no Brasil, o que está mais avançado no conhecimento pela quantidade de fotografias, mapeamento e escavações. Então, o Acre está à frente disso, é uma referência nacional e internacional com relação às pesquisas relacionadas aos geoglifos, porque foi aqui que se viu pela primeira vez, depois foram descobertos em Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, na Bolívia. Então, o Acre sempre será referência nos trabalhos."

O pesquisador destaca ainda que é necessário preservar esse conhecimento e construções que são importantes para a cultura da região. Estima-se que os monumentos tenham mais de dois mil anos.

“Isso é um patrimônio dos acreanos, brasileiros e da humanidade e deve ter em torno de 2 mil anos. São civilizações que desapareceram ou pararam de usar de construção monumental e geométricas e as datações nos levaram entre 1.000 e 1.012 anos. Então, é uma responsabilidade nossa cuidar disso. Não podemos destruir isso porque a soja está dando dinheiro, o milho está dando dinheiro. Não vivemos só de dinheiro – são importantes, mas precisamos de cultura e conhecimento e temos que incutir isso nas gerações futuras. Estamos caminhando em cima de pegadas de nossos ancestrais, é um solo sagrado”, finaliza.

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