2019-10-27 22:04:51
Alberto Fernández foi eleito novo presidente da Argentina nas eleições deste domingo (27). Com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice na chapa, ele derrotou o atual mandatário, Mauricio Macri – resultado previsto ainda nas prévias eleitorais de agosto.
Em discurso a apoiadores, Macri concedeu a derrota às 22h23 (horário de Brasília) e convidou Fernández para um diálogo durante café da manhã na Casa Rosada nesta segunda-feira. "Quero parabenizar o presidente eleito, Alberto Fernández", afirmou. "Os argentinos aprenderam muito nesses quatro anos. O que virá também será um aprendizado", acrescentou.
Com 94,4?s urnas apuradas, Fernández tinha 47,87% dos votos. Macri, 40,63%. O resultado garantia a vitória para o kirchnerista porque, na Argentina, o candidato vence no primeiro turno se obtiver mais do que 45% dos votos.
Alberto Fernández, presidente eleito
Fernández nunca concorreu a um cargo majoritário. Ele é um dirigente peronista, a principal corrente política do país e foi escolhido pela ex-presidente Cristina Kirchner para liderar a chapa –ela será sua vice se o resultado das projeções se confirmar.
Fernández foi uma surpresa na campanha eleitoral argentina. Peronista moderado e pragmático, o professor de direito da Universidade de Buenos Aires foi alavancado pela companheira de chapa, Cristina Kirchner, e teve o apoio de um núcleo de conselheiros, o Grupo Callao (referência ao endereço onde eles se reúnem, na Avenida Callao, em Buenos Aires).
No começo dos anos 2000, o próprio Fernández participou de um conjunto semelhante, o Grupo Calafate, que ajudou a levar Néstor Kirchner à presidência.
País dividido
Fernández governará um país dividido. Para muitos argentinos, o retorno do peronismo de Kirchner é uma catástrofe. O presidente eleito declarou durante a campanha:
"Que os argentinos fiquem calmos, respeitaremos seus depósitos em dólares".
Ele se referia ao fantasma do "corralito" durante a crise de 2001, quando os depósitos bancários foram retidos e os dólares convertidos em pesos, deixando os correntistas com muito menos em conta do que pensavam ter.
Com décadas de inflação e desvalorizações cíclicas, os argentinos estão acostumados a se refugiar no dólar como forma de poupança.
A moeda argentina desvalorizou 70?sde janeiro de 2018. Nos dias que antecedem as eleições, os mercados estão reaquecendo e a taxa de câmbio excede 63 pesos por dólar.
Em meados de 2018, no meio de uma corrida cambial, Macri foi ao Fundo Monetário Internacional, que concedeu a ele ajuda financeira de US$ 57 bilhões em três anos, em troca de um programa de forte ajuste fiscal, que jogou contra o presidente no momento da votação.
Ainda falta a liberação de US$ 13 bilhões, mas o FMI aguarda o resultado da eleição para negociar com quem for eleito.
Durante a campanha, Fernández propôs uma trégua de 180 dias para sindicatos e movimentos sociais para fazer descolar a indústria e assim o país retomar o crescimento econômico.