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quinta-feira, 28 de março de 2024

Só 2,1% dos alunos carentes no Brasil aprendem o nível aceitável em Ciências, diz OCDE

2018-10-25 14:02:00

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Image captionIndicador coloca Brasil abaixo de países como Colômbia, Costa Rica e Romênia

Apenas 2,1% dos alunos carentes no Brasil conseguem atingir o nível de bons conhecimentos em Ciências, Matemática e Leitura, segundo um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicado nesta terça-feira.

Entre os países da OCDE, a maioria ricos, 25% dos estudantes desfavorecidos obtêm um bom nível de conhecimentos nas três áreas, segundo o estudo Igualdade na Educação: Derrubando Barreiras à Mobilidade Social.

A estatística se refere ao percentual de alunos que atingiram o nível três ou acima, entre os seis existentes, do teste Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), realizado pela OCDE com alunos de 15 anos.

Os níveis de competência evoluem em função do grau de dificuldade das perguntas do teste.

A OCDE considera que o desempenho abaixo do nível 2 – de conhecimentos rudimentares e com poucas análises e interpretações – representa dificuldades escolares e também, no futuro, problemas no mercado de trabalho e de evolução social.

Com apenas 2,1% de alunos carentes que conseguem atingir pelo menos o nível 3 do Pisa, o resultado do Brasil é um dos piores nesta questão social entre os cerca de 70 países do estudo.

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Image captionEstudo avaliou níveis de conhecimento em Ciências, Matemática e Leitura

O Brasil fica atrás de países como Colômbia, Costa Rica, Geórgia, Romênia e Trinidade e Tobago.

O resultado brasileiro supera apenas o do Peru, Argélia, Indonésia, Jordânia, Kosovo, Líbano, Tunísia e Macedônia.

Em Hong Kong (China), 53,2% dos alunos desfavorecidos atingiram o nível 3 do Pisa. No Japão, o número é de 40,6% e, na Finlândia, 39,5%.

Desempenho ruim em Ciências, Matemática e Leitura

No último PISA, realizado em 2015, apenas 2,2% dos estudantes brasileiros em geral conseguiram atingir os níveis 5 e 6 do teste, com elementos e argumentações mais complexos. E 44,1% ficaram abaixo do nível 2.

O país está entre os últimos na classificação internacional nas três áreas avaliadas (Ciências, Matemática e Leitura).

"No Brasil, o número de alunos em geral que obtém melhores desempenhos no Pisa é baixo", ressalta Pauline Givord, analista da equipe do programa internacional da OCDE, se referindo ao também baixo total de estudantes desfavorecidos com nível de bons conhecimentos.

Ao mesmo tempo, 11,2% dos alunos carentes no Brasil na faixa de 15 anos estão entre os melhores resultados em ciências, em nível nacional.

Segundo a OCDE, as desigualdades escolares já são visíveis a partir de dez anos de idade.

O relatório divulgado nesta terça-feira destaca uma forte relação entre o perfil socioeconômico da escola e os resultados dos alunos.

"Os que frequentam escolas com mais vantagens têm melhores resultados nas provas do Pisa", diz a organização.

Diferença reduzida

O estudo também revela que o Brasil conseguiu reduzir, entre 2006 e 2015, a diferença de performance entre alunos desfavorecidos e os demais nas provas de Ciências do Pisa. O mesmo ocorreu com a leitura entre 2000 e 2015.

Em 2006, quase 17% da variação de performance em Ciências dos estudantes brasileiros estava relacionada ao status econômico-social, de acordo com a OCDE.

Em 2015, esse percentual caiu para 12,5%, sem que houvesse, no entanto, queda no desempenho geral em Ciências, ou seja, que os demais tivessem obtido resultados piores.

Houve até uma leve melhora no resultado geral do Brasil, que passou de 390 pontos na disciplina em 2006 para 401 pontos em 2015.

No último Pisa, que deu destaque para a área de Ciências, os estudantes carentes totalizaram, na média, 368 pontos na disciplina. Os mais favorecidos atingiram 450 pontos.

Para a OCDE, é "fundamental" desenvolver a pré-escola, permitindo acesso cedo à escolarização, principalmente no caso de crianças carentes, "para favorecer a aquisição de aptidões sociais e emocionais indispensáveis na continuidade do percurso escolar".

A organização também recomenda que os governos direcionem recursos focados para os alunos e escolas de áreas desfavorecidas, além de reduzir a concentração de estudantes de famílias de baixa renda nos mesmos estabelecimentos de ensino.

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