2022-01-11 17:19:24
O dólar fechou em queda de 1,67%, cotado a R$ 5,5792, nesta terça-feira (11), após o mercado digerir dados da inflação mais fortes do que o esperado, pesando seu potencial impacto sobre a atratividade da moeda brasileira contra o custo à atividade econômica e analisar a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).
Essa foi maior desvalorização diária e o menor patamar desde 30 de dezembro, quando a cotação registrou declínio de 2,11%, para R$ 5,5735.
A inflação oficial do país fechou 2021 em 10,06%, maior taxa acumulada no ano desde 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Veja mais cotações.
Contexto
Na cena doméstica, o IBGE divulgou a inflação oficial de 2021. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do Brasil – fechou 2021 em 10,06%. É a maior taxa acumulada no ano desde 2015, quando foi de 10,67%. Em dezembro, o IPCA desacelerou para 0,73%, após ter registrado taxa de 0,95% em novembro.
Analistas do mercado financeiro tinham a previsão de inflação para 2021 de 9,99%, segundo último boletim Focus. Já a previsão para o ano de 2022 continuou em 5,03%, acima do teto do sistema de metas para o ano (5%).
O resultado acima do esperado do IPCA de dezembro deve reforçar essa "pressão em cima do BC em relação ao aperto monetário que vem fazendo e deve continuar promovendo daqui para frente", comentou Samuel Cunha, economista e sócio da H3 Invest.
Segundo a agência Reuters, há, entre participantes do mercado, percepção de que juros mais altos no Brasil podem beneficiar o real, uma vez que elevariam a rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico, atraindo mais recursos para o país.
Mas a inflação e uma Selic mais alta – que deve chegar aos dois dígitos já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC – também podem ter um custo elevado à atividade econômica brasileira, uma vez que tendem a frear os gastos do consumidor.
Na cena externa, os investidores monitoraram a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell. Ele prometeu combater a inflação em declaração a parlamentares norte-americanos durante audiência de confirmação de renomeação perante o Comitê Bancário do Senado dos EUA.
Na abertura da audiência, Powell disse que a rápida recuperação da economia da pandemia de coronavírus está "dando origem a desequilíbrios e gargalos persistentes de oferta e demanda e, portanto, à inflação elevada".
"Sabemos que a inflação alta cobra um preço", acrescentou, prometendo usar todo o conjunto de ferramentas de política monetária do banco central para "impedir que a inflação mais alta fique arraigada".