2021-01-21 17:25:24
O dólar voltou a subir nesta quinta-feira (21), fechando em alta de 0,95%, cotado a R$ 5,3631, diante de uma nova onda de aversão a risco no Brasil, causada por renovadas preocupações fiscais.
O agravamento da crise sanitária em meio à percepção de desorganização no governo tem tido efeitos sobre a popularidade do presidente Bolsonaro e, por sua vez, alimentado temores no mercado de criação de mais despesas — o que ameaçaria o teto de gastos, visto pelo mercado como âncora fiscal do país.
Os investidores também analisaram dados do mercado de trabalho nos EUA e a política monetária do Banco Central do Brasil, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido a taxa básica de juros em 2% ao ano, como o esperado.
No mês e no ano, passou a acumular avanço de 3,39%. Veja mais cotações.
Cenário global e local
No exterior, republicanos do Congresso dos EUA indicaram que estão dispostos a trabalhar com o novo presidente Joe Biden na prioridade de seu governo, um plano de estímulo fiscal de US$ 1,9 trilhão, mas alguns se opõe ao valor.
Dados ainda fracos do mercado de trabalho nos EUA contribuíam também para maior expectativa de mais alívio à pandemia e distribuição rápida de vacinas sob o governo Biden para sustentar a economia.
Os pedidos iniciais de seguro desemprego caíram abaixo do esperado nos Estados Unidos. Foram 900 mil pedidos feitos na semana encerrada em 16 de janeiro, 36 mil a menos que o nível revisado de 926 mil registrados na semana anterior.
Já o Banco Central Europeu (BCE) manteve as suas políticas de juros e o programa de compra de ativos inalterados, como o esperado, na reunião desta quinta-feira.
Os preços do petróleo recuavam nesta quinta, após dados da indústria terem mostrado um inesperado aumento nos estoques de petróleo nos Estados Unidos.
No Brasil, o Banco Central manteve a taxa básica de juros inalterada em 2% ano ano, a mínima histórica, e anunciou o fim do chamado "forward guidance", a orientação futura que indica a manutenção dos juros respeitando certas condições, o que na leitura do mercado aponta que o BC deixou a "porta aberta" para uma alta na taxa de juros nos próximos meses.
Na cena doméstica, as atenções seguem voltadas ainda para os percalços para o avanço da vacinação contra o coronavírus no Brasil.
A percepção de que a imunização contra a Covid-19 no Brasil será lenta e sujeita a reveses tem elevado receios quanto à força da recuperação da economia e alimentado temor de criação de novas despesas para fazer frente à pandemia.
O mercado tem monitorado com atenção também a campanha por eleição na Câmara e no Senado para calcular riscos de nova pressão por mais gastos, que também podem vir de dentro do próprio governo.
Histórico da variação do dólar — Foto: G1