2016-12-12 21:54:00
Há um consenso da importância do seguro agrícola, por ser a agricultura uma atividade de risco elevado, mas fundamental para a economia do Brasil. Seja por falta ou excesso de água, o produtor sofre com perdas na produção. É o que está acontecendo no Ceará, com a interrupção da produção e frutas e flores devido à suspensão da água para essas atividades.
“O seguro é também uma atividade complexa, cara, tem que ser operado por vários atores , setor privado, setor público e a indústria do seguro”. Foi o que disse Antônio Márcio Buzinain, da Universidade Estadual de Campinas-SP, no encerramento do Fórum o Futuro do Seguro Rural no Brasil, realizado dia 8 de dezembro, no auditório do Sebrae-CE, pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA e pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará- FAEC.
Para o professor da Unicamp, a história do Seguro rural no Brasil ainda é muito recente e, atualmente, apenas 10 seguradoras estão cadastradas no Ministério da Agricultura e regulamentada pela SUSEP.
O Nordeste está praticamente fora do mapa do Seguro, o que não deixa de ser um paradoxo, justamente onde é mais necessária uma proteção ao produtor que passa por seca extrema.
Por isso, a CNA e as Federações de Agricultura dos Estados estão se articulando para tentar encontrar uma solução para ajudar o produtor rural do nordeste.
Segundo dados do Ministério da Agricultura , em 2014, gastou-se no Brasil quase 700 milhões, com 118 mil apólices de seguros , numa área de 10 milhões de hectares, já em 2015, foram gastos apenas 182 milhões, houve um corte de 70% dos recursos.
As subvenções do governo por Unidade da Federação representam: 28% para o Estado do Paraná, 25% para o Rio Grande do Sul, 12% para São Paulo e 8% para Santa Catarina. No Nordeste apenas os Estados da Bahia , representando 2% e o do Piaui( 1%) receberam subvenções do governo para cobrir perdas de safra.
“Eu vejo um futuro brilhante para o seguro rural no Brasil. O agricultor entende que o seguro agrícola é um instrumento de proteção da gestão de seus recursos. Nós seguradoras temos que nos preparar para dar mais ofertas para esses produtores. Hoje, o Brasil já tem quase 15% da sua área plantada segurada. Nós tínhamos, em 2006, menos de 1% da área plantada assegurada. Houve uma evolução muito grande, principalmente uma evolução na consciência do agricultor”, ressaltou Wadir Cury , presidente da Comissão Nacional de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros.
Segundo ele, o seguro agrícola não repõe bens, mas quando começou, em 2006, o governo federal colocou 80 milhões de subvenção ao seguro, e a Comissão Nacional do Seguro Rural só conseguiu assegurar 30 milhões, pois não existia a cultura do seguro agrícola no Brasil. Hoje, situação é inversa. Em 2015, o prêmio de seguro caiu em torno de 70% e faltou recursos do governo na contrapartida, quando muitos produtores deixaram de receber o seguro rural, assegurado pelo PROAGRO.
“Temos que refletir muito sobre isso. Nós, seguradoras, temos que preencher a oferta do seguro em outras partes do Brasil, como na região Nordeste. A logística ainda é analógica para cobrir estas áreas. Isso requer investimentos das seguradoras. Temos que desenvolver tecnologia. Podemos ser competidores, mas os produtores têm que ser cooperativos. O seguro rural está diretamente relacionado à cadeia da produção de alimentos e da segurança alimentar no mundo. Os produtores precisam gerir melhor seus negócios dentro de uma visão integrada de gestão de risco com o apoio do seguro rural”, finalizou Wadir Cury , presidente da Comissão Nacional de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros.