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quinta-feira, 17 de abril de 2025

Como o aquecimento global afeta a produção agrícola: estratégias para mitigar os efeitos do calor extremo

O futuro da produção agrícola dependerá cada vez mais da adoção de estratégias que conciliem produtividade e preservação dos recursos naturais

O aquecimento global, amplamente discutido nesse um quarto de século, foi comprovado matematicamente por Jean-Baptiste Joseph Fourier, no artigo On the Temperatures of the Terrestrial Sphere and Interplanetary Space. Seu trabalho, portanto, tornou-se elementar para embasar a discussão referente às mudanças de temperatura expressas no cotidiano atualmente.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o ano de 2024 foi o mais quente já registrado na história recente. Os dados divulgados mostraram que a temperatura média global da superfície do planeta era de 1,55°C a mais em relação ao período pré-industrial, entre os anos de 1850 e 1900, considerando uma variável de mais ou menos 0,13°C acima da média nesse valor. 

No setor agrícola, o aumento da temperatura da Terra afeta diretamente a produção, especialmente de cultura da soja. No Rio Grande do Sul, segundo maior produtor da cultura no Brasil, por exemplo, a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) acredita que 34,4 milhões de toneladas deixaram de ser colhidas nos últimos cinco anos em razão dessa dinâmica.

Segundo estimativas de cooperativas vinculadas ao agronegócio, o Mato Grosso do Sul também sofreu um prejuízo de R$ 45,3 bilhões. Em suma, o estresse térmico causado pelo aumento da temperatura afeta diretamente o desenvolvimento das plantas, acelerando a evaporação da água no solo, de modo que a absorção realizada pelas raízes seja ineficiente.

Dentre a gama de variáveis que influenciam esse processo, o déficit hídrico, em especial, prejudica todo o processo produtivo, considerando tanto os elementos bióticos (plantas cultivadas, microrganismos do solo, insetos polinizadores, entre outros) quanto os abióticos (solo e seus nutrientes, entre outros).

Afinal, a vida baseada em carbono, como conhecemos, tanto para as plantas quanto para os animais, depende da água. Esse elemento abiótico funciona como um solvente fundamental para as reações químicas que permitem que a vida exista.

Como mitigar os efeitos do calor extremo na agricultura?

Quando pensada em sua totalidade, a resolução do aumento da temperatura exige, inevitavelmente, uma ação coletiva da sociedade, no sentido de repensar os modelos produtivos e como essas dinâmicas influenciam na relação entre a sociedade e a natureza. Trata-se, portanto, de um movimento que demandará tempo.

Todavia, existem algumas medidas que podem ser tomadas de imediato para enfrentar o aumento de temperatura. Uma das ideias discutidas é o uso de cultivares mais resistentes. Em regiões em que a seca tende a intensificar-se, investir em culturas mais resistentes a partir de melhoramento genético pode ser uma solução viável.

Outra forma de mitigar essa problemática é investir na melhora da irrigação. Métodos como a irrigação de gotejamento permitem racionar a quantidade de água dada à planta, a fim de enfrentar estiagens prolongadas. Na agroecologia, um método amplamente utilizado é a rotação de cultura.

Esse método milenar consiste na alteração das culturas para preservar os nutrientes do solo e melhorar sua capacidade de reter água. Esse solo, portanto, será mais resistente ao aumento das temperaturas e às variações climáticas. Junto desse processo, fazer a cobertura do solo também é uma excelente forma de manter sua umidade controlada.

É importante enfatizar que o uso de um gerador de energia pode ser elementar para auxiliar no processo de irrigação naqueles períodos em que a eletricidade esteja em falta. No fim, a adaptação da agricultura ao aquecimento global exige estratégias que transitam desde a coletividade até a particularidade daqueles que trabalham com cultivo e lidam com essa realidade do mundo contemporâneo.

Fonte: Assessoria

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