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Amambai
quarta-feira, 5 de março de 2025

Como está o atendimento na Saúde em Amambai?

O Jornal A Gazeta falou com o diretor do Hospital Regional e também com o secretário municipal de Saúde

Desde que o prefeito Sergio Barbosa assumiu a prefeitura de Amambai, uma soma de esforços é feita para manter a máquina da prefeitura funcionando, os serviços prestados à população, em dia, e um rearranjo contábil para equilibrar as finanças.

R$ 70 milhões em dívidas a pagar. Foi o que anunciou o prefeito na abertura dos trabalhos do Legislativo no início de fevereiro. Grande parte dessas dívidas estão parceladas e vão demorar anos para serem quitadas. Algumas requerem mais urgência nas negociações, como a dívida com o Previbai, e outras são dívidas que fazem parte da gestão e requerem controle e habilidade financeira.

Apesar disso, os serviços prestados à população não podem parar. Pois bem, um desses serviços, e que requer urgência e constância, é o atendimento à saúde. Nas últimas semanas, algumas queixas de ineficiência no atendimento têm surgido. Na Câmara Municipal, alguns vereadores usaram da tribuna para cobrar melhorias. Na noite da última segunda-feira (03) mais uma vereadora foi até ao hospital e gravou vídeo e postou nas redes sociais cobrando melhorias no atendimento.

Diante disso, na semana passada, o Jornal A Gazeta foi até o Hospital Regional para ver como estava o atendimento e falar com o diretor daquela unidade. Na entrada do HR, a reportagem deparou-se com uma certa demanda de atendimento ambulatorial e queixas de usuários por longa espera.

O diretor da unidade, Paulo Catto, atendeu a reportagem e relatou a situação do atendimento no hospital. Desde outubro do ano passado (quando a prefeitura era administrada pelo ex-prefeito Edinaldo Bandeira), a unidade hospitalar vem sendo administrada com recursos suprimidos.

O ATENDIMENTO NO HOSPITAL

O Hospital Regional de Amambai é mantido e administrado pela Sociedade Amigos de Amambai, e recebe repasses da Prefeitura, do Estado e do SUS para seus atendimentos.

Conforme relatou o diretor do Hospital, os atendimentos de urgência são feitos na seguinte escala: das 7 horas da manhã até às 19 horas com um médico de plantão, e das 19 horas às 7 horas com outro médico. Portanto 24 horas, usando uma escala de médicos que prestam atendimento no HR.

Em outubro a prefeitura fez uma supressão de recursos, diminuindo o repasse ao hospital. Desde então houve mudanças no atendimento. A emergência manteve-se como estava, já o atendimento ambulatorial diminuiu. O atendimento ambulatorial era feito das 7 horas às 23 horas e passou a ser feito das 8 às 17 horas.

Com a nova gestão, a partir de janeiro, o convênio de repasse de recursos entre Prefeitura e hospital permaneceu suprimido, com validade até o final de março. No entanto, afirma o diretor ao Jornal A Gazeta, há algumas semanas o movimento no atendimento ambulatorial vem aumentando significativamente, acima da capacidade do hospital, que é especializado em atendimento emergencial.

O atendimento emergencial, explica Catto, são pacientes que chegam através de bombeiros e polícia, que atendem ocorrências e encaminham vítimas à unidade de Saúde, intercorrências internas com pacientes do hospital e situações de emergências de pacientes que procuram a unidade, sejam para atendimento pelo SUS, além ainda do atendimento emergencial de indígenas encaminhado pela Sesai. Esse não mudou em nada.

Os atendimentos ambulatoriais são feitos, na sua maioria, nos postos de saúde do município, que são um total de 9 postos.

“Mas o que tem acontecido”, ressalta Paulo Catto, “é que, pela falta de médicos suficientes atendendo, alguns postos não têm feito esse atendimento ambulatorial de forma integral, causando esse volume maior no Hospital Regional”.

SECRETÁRIO DE SAÚDE EXPLICA E DIZ QUE VAI MELHORAR

Na tarde da última segunda-feira (03) o secretário municipal de Saúde, dr. Alessandro Godoi, a convite do jornal, esteve na redação do Jornal A Gazeta e relatou a situação.

Desde que iniciou a nova gestão, a prefeitura através da secretaria de Saúde, tem envidado esforços no sentido de recontratar os médicos que tiveram os contratos vencidos.

Projeto nesse sentido foi aprovado pela Câmara, autorizando a contratação seguindo a ordem dos aprovados em concurso público feito no ano passado.

O que acontece, explica o secretário, é que tudo é um pouco burocrático e requer certo tempo. “Além da burocracia, alguns médicos após serem chamados, e antes de serem efetivados, desistiram da contratação, optando em assumir outros concursos em outras cidades, como Campo Grande. Alguns entraram de licença médica e licença maternidade, o que foi dificultando a recolocação desses profissionais”, disse.

Além da burocracia da contratação pelo órgão público, os profissionais médicos, quando contratados, precisam passar pelo exame admissional, que são os laboratoriais, e ainda ultrassom de ombro, raio X de tórax e atestado psiquiátrico e psicológico, o que também leva um certo tempo.

Apesar disso, o atendimento à saúde nunca parou. O atendimento ambulatorial no município é feito na sua quase totalidade nos postos de Saúde. Amambai conta com 9 postos espalhados.

“Atualmente o município conta com 8 médicos prestando atendimento nesses nove postos, revezando os horários para que nenhum fique sem atendimento”, explica o secretário.

No posto de Saúde Central tem 3 médicos atendendo integralmente (manhã e tarde), sendo que um atende somente pacientes da zona rural. Os demais postos da cidade estão assim com os atendimentos: Vila Guape, Doriane, Varocopa e Limeira têm atendimento integral com um médico em cada; já os postos das vilas São Luis, Mangay, Vilarinho e Panorama, recebem atendimento ambulatorial em um dos horários (ou manhã ou à tarde).

MELHORAS ATÉ ABRIL

Diante dessa realidade, o secretário municipal de Saúde, dr. Alessandro Godoi, informa que até final de abril, a situação nos atendimentos à saúde vai estar normalizada e muito melhor. “A prefeitura tem compromisso com a Saúde, mas está passando por um ajuste de contas e de recontratação de profissionais, que demanda um certo tempo. No final de abril tudo vai estar normalizado”, garantiu.

PROTOCOLO DE MANCHESTER

O que já é conhecido no meio médico e hospitalar, a maioria da população não sabe o que é e talvez nunca ouviu falar: o Protocolo de Manchester.

O Protocolo de Manchester consiste em um método de classificação de riscos amplamente utilizado no mundo todo para determinar quais são os atendimentos prioritários nas unidades de emergência.

Por meio desta metodologia, é possível identificar de maneira célere quais são os pacientes estáveis e aqueles com riscos mais elevados. Dessa forma, é possível organizar o atendimento para que os mais urgentes sejam recebidos primeiro.

Quando o paciente chega a uma unidade de Saúde (posto ou hospital), ele passa por uma triagem e então é classificado conforme o estado de saúde que se apresenta, utilizando cores para a identificação.

Os casos mais graves, que requerem atendimento emergencial, são os que apresentam risco de morte e são identificados com a cor Vermelha.

Os casos com muita urgência são identificados com a cor Laranja. Esses casos são de pacientes que requerem urgência, mas num nível menor que os de emergência. Nesse caso o paciente pode esperar até 10 minutos para receber atendimento.

A cor amarela identifica os pacientes que apresentam certo risco, mas não imediato, e o tempo de espera pelo atendimento pode ser em até 60 minutos.

A cor Verde identifica os pacientes que são pouco urgentes, e o tempo de espera pode ser de até 2 horas.

Por último a cor azul, que identifica pacientes com casos mais simples. Esses pacientes podem esperar até 4 horas pelo atendimento.

Em Amambai, como em outros vários municípios, as unidades de Saúde só utilizam a classificação de 4 cores: vermelho, amarelo, verde e azul.

Por Clesio Damasceno / A Gazeta

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