A safra de milho nos municípios do Cone Sul de Mato Grosso do Sul enfrenta um cenário alarmante. A prolongada estiagem e o calor intenso no início do ciclo prejudicaram gravemente as lavouras, resultando em uma quebra de safra significativa, como destacam os agricultores e líderes rurais da região.
Rodrigo Lorenzetti, presidente do Sindicato Rural de Amambai e também agricultor, compartilhou sua preocupação: “A quebra de safra do milho está sendo maior que a da soja. A estiagem prolongada e o calor intenso no começo do ciclo danificaram muito as lavouras. Temos áreas onde o milho penduou sem espiga e algumas com produção razoável, mas a média no município deve fechar em torno de 40 sacos por hectare.” Ele acrescentou que “essa quebra vai impactar severamente a economia local, afetando não só Amambai, mas toda a região”.
Assim como em Amambai, outros municípios do Cone Sul enfrentam desafios semelhantes. O presidente do Sindicato Rural de Caarapó, Carlos Eduardo Macedo, mais conhecido como Cacá, contou que a situação em Caarapó não é diferente. O início do ciclo foi muito seco, com calor intenso, comprometendo a formação das espigas. Ele mencionou que estão vendo uma quebra de safra inesperada, com algumas áreas tendo uma produção razoável, mas com uma estimativa de perda em 55%. Cacá destacou também que a seca prejudicou muito e que já foi colhida 70% da área plantada no município.
Segundo dados fornecidos pela Aprosoja/MS, por meio do projeto Siga/MS, a estimativa é que a safra de milho 2023/2024 seja 5,82% menor em relação ao ciclo passado, abrangendo uma área de 2,218 milhões de hectares. A produção é estimada em 11,485 milhões de toneladas, uma queda de 19,23%, e a produtividade é prevista em 86,3 sacas por hectare, uma retração de 14,25%. Alguns fatores críticos observados incluem:
- Estresse Hídrico: Na segunda safra de milho de 2023/2024, observamos perdas significativas no potencial produtivo devido ao estresse hídrico, afetando uma área total de 785 mil hectares no estado de Mato Grosso do Sul. Os períodos de seca ocorreram entre março e abril (10 a 30 dias de estresse hídrico) e mais recentemente, entre abril e junho (mais de 70 dias sem chuva).
- Ciclo de Plantio: Avaliando o ciclo de plantio da 2ª safra de milho, constatamos que 60% da área total foi semeada até 10 de março, período que se enquadra na janela ideal de semeadura. A fenologia do milho desses 60% varia entre R3 (grão leitoso) e R6 (maturidade fisiológica). O estresse hídrico impactou fortemente o sul, causando perdas significativas na produção. Os 40% restantes, plantados posteriormente, sofreram quase 70 dias de seca e chuvas esparsas, enfrentando uma situação desafiadora conforme indicam as tendências climáticas.
- Geada: Na madrugada do dia 13 de maio de 2024, ocorreu geada em locais específicos do estado, principalmente em áreas de furnas e baixadas, causando danos significativos nas pastagens e lavouras de milho nos municípios de Amambai e Aral Moreira.
Os dados da tabela anexa mostram que a produtividade média estimada para a safra 2023/2024 sofreu uma queda generalizada nos municípios do Cone Sul, refletindo o impacto dessas adversidades climáticas. Em Amambai, por exemplo, a produtividade média caiu de 86,75 sacas por hectare na safra 2022/2023 para 74,39 sacas por hectare na safra 2023/2024.
Mais detalhes sobre o acompanhamento da colheita do milho podem ser acessados no site da Aprosoja/MS, no informativo Siga-MS 2024.
Fonte: A.N/Grupo A Gazeta