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domingo, 24 de novembro de 2024

“Superquarta” pode trazer mudança no horizonte da política monetária no Brasil e nos EUA

No Brasil, grande parte dos analistas espera que BC passe a sinalizar mais um corte de meio ponto para a próxima reunião, em vez de dois, como vem fazendo desde agosto

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) definem e anunciam os próximos passos da política monetária para Brasil e Estados Unidos, respectivamente, nesta quarta-feira (20).

No Brasil, o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), que estima o sentimento do mercado para decisões do Copom, aponta 99% de chance de haver um corte de 0,5 ponto percentual, de 11,25% ao ano para 10,75% ao ano, na Selic.

Já nos Estados Unidos, a aposta é de que o juro seja mantido no patamar de 5,25% a 5,50% nas próximas reuniões do Fed. Inclusive, a expectativas dos atores de que em junho se inicie um ciclo de cortes caiu mais de 7 pontos percentuais entre a última sexta-feira (15) e segunda-feira (18), para 51,1%

Com a crença dos atores consolidadas, as expectativas dos atores se voltam à comunicação das autoridades monetárias — é o que indica Julio Hegedus, economista-chefe da Mirae Asset Brasil.

“No caso do Copom, será importante definir se mantém o foward guidance (indicação futura) ou não. Tudo leva a crer que o BC deve retirar esta sinalização de corte de juro, pois isso engessa a atuação da autoridade, o que o obriga sempre a sinalizar as próximas reuniões do Banco Central”, disse.

Segundo o especialista, visto que há incerteza sobre a evolução dos indicadores da economia — inclusive com aceleração acima do esperado em fevereiro — a tendência é de que o BC retire este instrumento de comunicação. Ele acredita que isso pressionará o mercado de juro.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83% em fevereiro, acima do esperado para o mês.

Na visão de Thaís Zara, economista sênior do LCA consultores, dados recentes da atividade econômica nos Estados Unidos — especialmente mercado de trabalho e inflação — mostraram resiliência, o que deve levar tom relativamente conservador para o comunicado e entrevista de Jerome Powell.

“A grande questão com relação ao grau de conservadorismo é se será suficiente para chancelar a atual trajetória de juros de mercado, que indica flexibilização monetária começando em meados do ano e progredindo de maneira gradual, com cortes de 25 p.p em reuniões intercaladas”, disse.

No Brasil, todos de olho no “s”

Volnei Eyng, CEO da Multiplike, reitera que a tendência é de cortes de 0,50 p.p nas próximas duas reuniões do Copom, mas destaca: “todos estão aguardando o comunicado do BC para checar se a indicação de manutenção vem no plural ou no singular”.

“No primeiro caso, trata-se de uma indicação de que os cortes serão em 0,25 p.p a partir de junho e, no segundo caso, de que os cortes permanecerão em 0,50 p.p”, aponta.

Professor Doutor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Hugo Garbe indica que a reunião de março é “particularmente significativa”, uma vez que ocorre em um momento de cautela e expectativa sobre a recuperação econômica do Brasil.

“A decisão sobre a Selic impactará diretamente na atividade econômica, influenciando desde a concessão de crédito até os investimentos e o consumo das famílias”, explicou.

O Boletim Focus, publicação do Banco Central que agrega as expectativas de mercado, projeta que a Selic terminará o ano de 2024 em 9%

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