Desde seu surgimento no mercado, o cigarro eletrônico tem sido objeto de diversos estudos que avaliam os impactos do uso prolongado na saúde dos consumidores. Embora ainda seja um tema sensível no Brasil, uma vez que sua venda é proibida desde 2009, a lista de países que regulamentaram o cigarro eletrônico e o reconhecem como um importante instrumento para políticas de controle do uso de tabaco e redução de danos à saúde só cresce — já são mais de 80 países, incluindo Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Suécia, Nova Zelândia, todos os países da União Europeia, entre outros.
A opção pela regulamentação, todavia, não aconteceu sem embasamento. Afinal, todos esses países tomaram suas decisões respaldados pelo resultado de amplas pesquisas realizadas em diversos lugares do mundo.
O Cochrane, por exemplo, uma reconhecida rede internacional de saúde pública independente — com sede no Reino Unido e cientistas de todo o mundo, inclusive brasileiros — publicou em setembro de 2023 uma revisão de 319 estudos com mais de 157 mil indivíduos que atestou “concluímos com alto nível de certeza que os cigarros eletrônicos estão associados com altas taxas de cessação do ato de fumar”.
O Ministério da Saúde do Canadá também reitera a importância dos cigarros eletrônicos na redução de danos. Segundo a agência governamental Health Canada, “[…] o vape é mais eficiente que somente terapias de reposição de nicotina ou aconselhamento. […] Se você não consegue parar de fumar com métodos aprovados, substituir o cigarro convencional pelo uso dos vapes reduz significativamente sua exposição a substâncias tóxicas da fumaça do tabaco”.
A Inglaterra, por sua vez, foi responsável pela produção da maior e mais consistente revisão científica sobre o tema até hoje. Pesquisadores do King’s College London desenvolveram um estudo independente para revisão de mais de 400 pesquisas que versam sobre cigarros eletrônicos. A conclusão é que os cigarros eletrônicos possuem um impacto 20 vezes menor na saúde dos consumidores do que o cigarro convencional.
Tal estudo, inclusive, foi fundamental para subsidiar o recém anunciado pacote de medidas do governo britânico para atingir a meta de apenas 5% de fumantes até 2030. Entre as medidas anunciadas, está a doação de 1 milhão de kits gratuitos de cigarros eletrônicos para adultos fumantes como estímulo para que deixem de utilizar produtos de tabaco.
É fundamental esclarecer que o cigarro eletrônico é um produto de risco reduzido, mas não é inócuo. “O dispositivo não é isento de riscos, por isso não é recomendado para pessoas que não fumam e nem para menores de idade. Quando regulamentado e comparado com o cigarro comum, ele é considerado uma alternativa de menor risco para adultos fumantes”, esclarece Alessandra Bastos, farmacêutica, ex-diretora da Anvisa e consultora científica da BAT Brasil.
Para a farmacêutica, o que todos esses estudos possuem em comum é sua capacidade de subsidiar uma nova abordagem em relação ao cigarro eletrônico no Brasil. “Em 2009, quando a Anvisa optou pela proibição dos vapes no país, foi uma medida cautelosa porque não existiam muitas evidências científicas. Mas, hoje, temos uma infinidade. Essas pesquisas não podem ser ignoradas, principalmente por se tratar de um assunto de saúde pública”, explica Bastos.
Nota:
Vaporizadores e produtos de tabaco aquecido são produtos destinados a maiores de 18 anos, assim como o cigarro. Estes produtos não são isentos de riscos.
A redução de riscos de vaporizadores e produtos de tabaco aquecido é baseada nas evidências científicas mais recentes disponíveis e desde que haja a substituição completa do consumo de cigarros tradicionais.
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