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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Agro: Brasil assusta produtores em outros países

O setor agrícola brasileiro, ao expandir suas exportações para a Europa, enfrenta resistência

As complexidades das relações internacionais, sejam diplomáticas ou comerciais, envolvem um equilíbrio delicado entre os interesses dos participantes domésticos e as demandas dos consumidores estrangeiros. O setor agrícola brasileiro, que mantém negociações com mais de 160 países, enfrenta desafios significativos ao tentar compreender, adaptar-se e conciliar as diversas dinâmicas relacionadas às interações globais, segundo Aline Locks, CEO Produzindo Certo.

“A competitividade da agropecuária brasileira assusta as produções rurais em muitos cantos do mundo. E eles se defendem como podem. Se não for possível ter uma escalada, o clima e outras condições de ampliar sua própria produtividade, escoram-se na pressão sobre seus governos para que reforcem as barreiras de proteção de seus mercados”, comenta.

“Tratores nas ruas e bloqueios nas estradas europeias, nas últimas semanas, são parte desse jogo de interesses muitas vezes não declarados. No início desta semana, a Comissão Europeia cedeu à pressão de agricultores de países do bloco, que fez protestos ruidosos contra imposições ambientais que estas foram impostas internamente”, completa.

O setor agrícola brasileiro, ao expandir suas exportações para a Europa, enfrenta resistência de produtores locais devido às exigências governamentais, como a redução no uso de fertilizantes e pesticidas, além da necessidade de restaurar áreas florestais. Essas demandas dificultam a competição de produtos estrangeiros. Além disso, os produtores europeus perceberam que um acordo comercial com o Mercosul evidenciaria a ineficiência do modelo produtivo europeu em comparação ao brasileiro.

Com as eleições para o Parlamento Europeu à vista, os tratoraços passaram a ser um incômodo político importante para os governantes, que se viram sem alternativa a não ser cedidos. Relaxadas quanto às demandas ambientais locais e ampliados os benefícios aos produtores, faltava apenas subir o tom contra os “parceiros” do Sul. O presidente francês, Emmanuel Macron, tornou-se voz ativa contra o acordo com o Mercosul e não é de se espantar que barreiras ambientais, que já foram alvo de intensas negociações, voltem à mesa.

“O princípio da isonomia, tão frequentemente relatado nas negociações diplomáticas, não vale, assim, nessa conversa. Esperar que os europeus tratassem nossos produtores como tratassem os deles e relaxassem também as critérios em torno da rastreabilidade de nossa produção, por exemplo, seria uma grande ilusão”, conclui.

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