No cenário global do mercado de algodão em pluma, o Brasil manteve sua posição como o quarto maior produtor e o segundo maior exportador em 2023, apesar das adversidades enfrentadas. Luiz Antonio Pinazza, engenheiro agrônomo e consultor do Portal Agrolink, analisou os dados que revelam um ano desafiador para o setor. Com uma queda de 16,48% na receita, totalizando US$3,073 bilhões, e uma redução de 14,57% na quantidade exportada, chegando a 1,804 milhões de toneladas em comparação com 2022, o mercado brasileiro de algodão enfrentou dificuldades devido a eventos climáticos adversos durante a safra 2021/22. Isso resultou em uma disponibilidade reduzida do produto para o comércio internacional, levando a uma oscilação significativa nos negócios ao longo do ano.
No primeiro semestre, instabilidades no mercado internacional impactaram os embarques, enquanto a elevação das taxas de juros pelos bancos centrais da União Europeia e dos Estados Unidos pressionou os preços para baixo, acumulando estoques nos portos brasileiros. A operação abaixo do normal das indústrias têxteis também contribuiu para a retração das vendas, tanto no mercado interno quanto externo.
No entanto, a partir de julho, houve uma melhora significativa nos negócios devido a uma série de fatores, incluindo a diminuição das tensões geopolíticas e o aumento das exportações, que representaram três quartos do total anual. O Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) desempenhou um papel fundamental na promoção de boas práticas sociais, ambientais e econômicas, abrangendo mais de 80% da produção nacional.
Internamente, o ABR impulsionou a adoção de práticas como a agricultura regenerativa e tecnologias para reduzir os gases de efeito estufa. Além disso, a implementação da rastreabilidade, desde a semente até o produto final, aumentou a transparência e a confiança no mercado internacional. O estreitamento das relações internacionais, por meio de intercâmbios entre produtores, investidores e importadores, também contribui para as perspectivas positivas para 2024.