A prática ancestral do cultivo de mandioca, considerada um tesouro alimentar e cultural para os povos indígenas de Mato Grosso do Sul, está enfrentando uma fase desafiadora na região devido à escassez de manivas disponíveis para o plantio.
Segundo a Embrapa, ao longo dos últimos anos, a conservação e cultivo de lavouras de mandioca destinadas à produção de ramas foram reduzidas e prejudicadas, especialmente desde 2020. A situação agravou-se devido à pandemia de Covid-19, seguida por longos períodos de estiagem e ondas de calor intensas, resultando em danos significativos às lavouras indígenas.
O vice-capitão da aldeia Bororó, Alex Rodrigues, destacou que a preocupação atual está centrada na diminuição da quantidade de manivas disponíveis na aldeia. As manivas, pedaços do tronco adulto da mandioca, são essenciais para o plantio, representando o equivalente à semente para as lavouras de soja ou à muda para novas espécies arbóreas.
Diante desses desafios, foi realizada uma capacitação especializada em cultivo de mandioca em Dourados (MS) no dia 12 de dezembro, voltada para agricultores familiares das aldeias locais. O evento teve como objetivo otimizar a capacidade produtiva de manivas e aprimorar a produtividade das lavouras de mandioca.
“A Embrapa Agropecuária Oeste reconhece a relevância do cultivo de mandioca para a economia, segurança alimentar, valorização da cultura indígena, desenvolvimento local e conservação ambiental. Por isso, está empenhada em contribuir com a solução do problema da falta de manivas”, afirmou Auro Akio Otsubo, Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste.
Durante a capacitação, o técnico Júlio Aparecido Leal apresentou uma mesa de corte de ramas, desenvolvida para aprimorar a qualidade desta etapa do processo produtivo. A mesa possibilita o corte uniforme em tamanho e direção adequados, podendo ser utilizada com serrotes ou motosserras.
O evento foi promovido pela Embrapa Agropecuária Oeste em parceria com a Prefeitura Municipal de Dourados, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura Familiar (Semaf), através da Coordenadoria Especial de Assuntos Indígenas.