Criar interesse pelo mercado financeiro significa, necessariamente, estudar muito. Junto às análises técnica e fundamentalista, a gestão de riscos no mercado de ações é um tópico crucial, e deve ser estruturado com cuidado para investidores e traders de quaisquer níveis.
No campo de investimentos, compreende-se gestão de risco como uma série de fatores e técnicas que modificam o comportamento do profissional em relação à análise de uma determinada entrada no mercado. Cada um tem sua própria tolerância aos riscos de uma operação, mas entendê-los corretamente faz com que as atitudes para mitigar esses riscos sejam mais efetivas. Portanto, além de compreender os limites que você mesmo tem em relação ao assunto, é preciso dominar o assunto em si.
Considerando ameaças: o mercado brasileiro e o mundial
Cada ação em particular tem uma carga de risco, por isso, nunca é demais insistir na diversificação do portfólio. A série de “boas práticas” para investidores não para por aí, e estudar análise técnica é a principal forma de estimar corretamente os riscos.
Mas há muito mais a ser pensado: apesar dessa técnica universal, no âmbito nacional existem fatores diversos que influenciam na análise de riscos. O mercado de ações brasileiro encontra-se aquecido, com projeções da XP em abril chegando aos 130 mil pontos no Ibovespa. Mas o mês de abril está sendo um empecilho na realização dessas projeções.
Ameaças à performance do Real: juros do FED e novos lockdowns na China
Como um exemplo, analistas estimam que a performance do Real está sendo posta em xeque por fatores como lockdowns na China, que desaceleram a economia do país oriental e freiam os preços das commodities, e o aumento acima do esperado das taxas do FED. Podemos compreender que a miríade de riscos para trabalhar com ativos e ações é muito mais complexa do que pode parecer inicialmente. Nota-se que o Real caiu severamente em relação ao Dólar no mês de abril de 2022, assim como os índices da Bovespa e da B3.
Não é fácil fazer a correlação entre o que acontece ao redor do mundo e o reflexo disso na gestão de investimentos. Mais ainda o que acontece no próprio país. De acordo com a matéria linkada acima (em inglês), da Reuters, os oficiais do governo estão divididos entre ceticismo e otimismo. Encontrar um balanço entre essas duas vertentes é uma tarefa complicada.
Apesar do Real estar em um ano bom (subiu mais de 18% em relação ao dólar no primeiro trimestre, sendo a mais valorizada do mundo por este parâmetro, de acordo com pesquisa da Economatica), a fragilidade da situação atual é motivo de alerta para analistas, e, por tabela, investidores que tenham suas ações em Real devem estar mais conscientes e ligados às notícias do que nunca.
Esse tipo de risco é por vezes ignorado por investidores iniciantes, que focam apenas na análise técnica e não consideram a gama de ações externas que comprometem o efeito de um investimento. Afinal, se o dólar mudar a tendência e nossa moeda desvalorizar, nossas posições no mercado de capitais terão reflexos diretos (como estão tendo agora).
Riscos “aleatórios”: lidando com o imprevisível
Há certas situações completamente imprevisíveis que também podem ameaçar seus lucros. E também, talvez, podem ser uma boa oportunidade.
Para contorná-las, uma análise adequada de gestão de riscos é fundamental: mesmo o que é completamente imprevisível (e negativo) pode ter seu resultado diminuído ou até aproveitado.
Esses eventos que são difíceis de prever ou estimar, como o exemplo dado acima, entram nessa lógica. Cabe ao investidor tomar as decisões mais adequadas em momentos como esse.
Concluindo
As ameaças para investimentos e negociações podem vir de muitos lados, e mesmo experientes do mercado podem acabar por ignorar um desses. Felizmente, existem ferramentas e “bons hábitos” que ajudam a reduzir equívocos na interpretação e na gestão dos riscos no mercado financeiro. Ainda assim, é essencial compreender nuances da economia e da política nacional.
Em suma, a noção dos riscos em relação aos investimentos muda por conta desse panorama macroeconômico – além de mudar em relação às demais análises sobre o ativo específico.
Em qualquer âmbito, utilizar-se bem de ferramentas-chave, estruturar os riscos e tomar ações conscientes é ideal. No mercado brasileiro atual, os fatores externos podem prejudicar investidores que não estão preparados para lidar com eles – e ajudar aos que estão.