2012-07-19 11:30:00
Luiz Cláudio Ferreira
Há o antigo ditado de que diz que diante das piores crises é que surgem as soluções mais criativas. A sabedoria popular não poderia ser mais precisa para definir o que vem acontecendo na vida do empresário Flávio Gustavo Pereira, popularmente conhecido como ‘Guti’, apelido que carrega desde criança.
O nome esquecido na infância foi resgatado para dar vida à marca dos sorvetes criados pelo empresário, que hoje se diz orgulhoso em vê-lo associado à qualidade e à diversidade dos produtos que fabrica.
Quem vê o empresário Flávio (GUTI) preocupado em reinventar seus produtos e buscar novos mercados, não imagina que um dia ele estivera satisfeito com o cargo de gerente de produção do antigo frigorífico da cidade de Amambai, hoje fechado. Na época, o trabalho o obrigou a mudar-se para a cidade de Arapongas no Estado do Paraná, mesmo contrariado e sonhando em um dia voltar.
A saída encontrada para que pudesse retornar à sua terra natal seria montar seu próprio negócio. Ele conta que sua sogra, ao comprar alguns picolés para a família, comentou que em Amambai um produto com aquela qualidade faria muito sucesso. Foi aí que ele começou a pesquisar sobre o assunto, conversou com empresários do setor, e há cinco anos decidiu montar sua própria sorveteria.
O começo
Ao retornar para Amambai, as oportunidades conspiraram ao seu favor, pois logo que chegou recebeu uma boa oferta de compra dos maquinários que necessitava para iniciar o negócio.
Junto com sua esposa, Diolanda, elaborou os primeiros sorvetes, que já no início traziam as características que hoje se tornaram suas marcas: a qualidade e a inovação. Ele lembra que no início as coisas eram muito difíceis: “Minha esposa vinha às 5 horas da manhã para preparar os picolés”, lembra ele. Eles trabalhavam em dois turnos, já que possuíam poucos equipamentos. A produção inicial era de 300 picolés diários e Flávio se encarregava dos sorvetes. Tudo era vendido nos dois carrinhos que possuíam.
Uma das estratégias adotadas pelo empresário para que o seu produto se tornasse conhecido, era convidar os amigos para que viessem até sua pequena fábrica e experimentassem seus sorvetes. Os próprios amigos se encarregavam da divulgação, subsidiados pelas suas próprias impressões sobre os produtos. A propaganda de boca em boca fez marca Guti um grande sucesso.
Mas as inovações não pararam de vir. As pesquisas de novos sabores e cursos para aprimoramento continuaram sendo feitas pelo empresário. Na opção pelas embalagens seladas, a empresa foi precursora na cidade, além de ter se dedicado a investir na elaboração de sabores exóticos e diferenciados como arroz doce, sagu, guavira, amarula, caldo de cana, caipirinha e outros. Guti explica que alguns sabores são produzidos sazonalmente, conforme a demanda.
O sucesso aumentava diariamente e a empresa abriu para os seus clientes a opção de compra dos seus sorvetes pelo sistema self-service, em sua própria fábrica, que ainda funcionava de forma adaptada nos fundos da residência dos sogros do empresário Flávio. Guti conta que, mesmo sem estrutura, as pessoas iam até a sua fábrica em consumiam os sorvetes lá mesmo, sob as sombras de uma mangueira. Diante deste novo sucesso, o empresário percebeu a necessidade de dar um novo passo. O bar que pertencia ao seu sogro foi convertido em sorveteria, o que solucionou momentaneamente a necessidade iminente de bem atender a sua crescente clientela. Com a implantação de seu sistema de ‘buffet de sorvetes’ as pessoas tinham mais comodidade e conforto, com isso a procura aumentou ainda mais.
Guti lembra que até os seus amigos ‘vestiram a camisa’ pelo seu sonho e vinham até a fábrica para ajudar a embalar os sorvetes. Enfim, seu projeto começava a ganhar volume; foi quando se sentiu encorajado para tentar ir ainda mais longe.
Sorte ou predestinação, Flávio teve outra ajuda inesperada, quando um vendedor de maquinários o visitou e cedeu algumas máquinas para que testasse sem qualquer compromisso. A marca era desconhecida e a proposta era que se ajudassem mutuamente, vislumbrando resultados posteriores. E eles vieram! Sua capacidade de produção foi dobrada, as máquinas se mostraram muito eficientes e foram adquiridas definitivamente.
Com tanto sucesso, as portas começaram a se abrir. As autoridades administrativas do município ofereceram ao empresário, com base em seus projetos de incentivo, alguns subsídios para a implantação da fábrica onde hoje a empresa está instalada, no Bairro Por-do-sol.
O prédio da nova indústria foi implantando. Com instalações amplas e adequadas ao bom funcionamento de sua linha de produção, a Guti Sorvetes estava preparada para ganhar novos mercados e desbravar seus caminhos. De novo as máquinas já não atendiam a demanda e o empresário diz que mais uma vez recebeu a visita do vendedor Ronaldo Adriano, representante da empresa Magic Ice, a quem chama de parceiro, e que sem sua confiança não teria crescido tanto e tão rapidamente.
Os novos e modernos maquinários deram à produção números verdadeiramente industriais. De um pote de sorvete a cada 40 minutos a produção passou a ser de 3 potes a cada 8 minutos. Com mais sorvetes disponíveis e sua ótima aceitação não foi difícil a conquista de outras empresas que quisessem representar a marca Guti.
Há dois meses a indústria funciona em suas novas instalações e conta com três pontos de venda próprios e outros de revenda. O nome Guti se estendeu a outros produtos como a Pizzaria Don Gutti, que mantém a mesma filosofia que trouxe sucesso aos sorvetes.
Para o futuro, o empresário deseja consolidar suas franquias e representações e continuar investindo em sua fórmula de sucesso: trabalho com qualidade e criatividade.