O ano de 1951 marcou o início de um grande avanço para a biotecnologia. Tudo começou com a chegada de uma afroamericana pobre a um hospital nos Estados Unidos. As células dela revolucionariam a ciência médica.
Henrietta Lacks teve câncer no colo do útero pouco antes de morrer, e um médico retirou um pedaço de tecido para uma biópsia, sem pedir autorização, já que na época ainda não havia legislação específica sobre o assunto. Desde então, as células retiradas do corpo dela vem crescendo e se multiplicando e há bilhões delas em laboratórios do mundo todo sendo usadas por cientistas, que as batizaram de linha celular HeLa, numa referência ao nome de Henrietta.
"Não dá para saber quantas células de Henrietta ainda circulam. Um pesquisador estima que juntas pesariam 50 milhões de toneladas métricas, algo inconcebível, porque cada uma pesa quase nada", disse Rebecca Skloot, autora do livro "A Vida Imortal de Henrietta Lacks".
Como a retirada foi feita sem autorização, os familiares dela – ainda vivos – precisaram lutar por muitos anos por seus direitos, e chegaram a acionar a justiça por uma compensação financeira, já que a distribuição das células de Henrietta é comercializada a altos valores. No mês passado, o filho mais velho, Lawrence, afirmou que os parentes devem fazer uma nova tentativa de processar o centro John Hopkins, onde o procedimento foi feito, ainda neste ano.
Células HeLa (Foto: INAH/National Center for Microscopy/Tom Deerinck/AP)