2012-07-26 17:44:00
Vilson Nascimento
O ex-capitão da Aldeia Paraguaçu, situada na Rodovia MS-295, trecho que liga Paranhos a MS-156, a cerca de 34 quilômetros da cidade, em Paranhos, Miltinho Lopes, de 34 anos, foi preso em flagrante na manhã dessa quinta-feira (26) acusado de executar uma mulher indígena de 43 anos, por causa de “feitiçaria”.
De acordo com a Polícia Civil de Paranhos, que atua no caso, o crime, que chocou e gerou revolta na comunidade indígena, aconteceu na noite dessa quarta-feira (25).
A vítima, Ângela Duarte, estava em sua casa quando Miltinho, acompanhado de outros três indígenas, teria chegado à residência e chamado a mulher pelo nome.
Quando a vítima, que era portadora de deficiência física, abriu a porta para atender, teria sido surpreendida por um tiro no braço.
Mesmo ferida a mulher teria conseguiu trancar a porta, mas os acusados teriam a arrombado, adentrado na casa, pegado a vítima e a arrastado até uma estrada próxima da residência e à executado com mais dois tiros e golpes de faca.
A prisão
Após tomar conhecimento do crime que teria provocado grande repercussão e revolta dentro da comunidade indígena, investigadores da Delegacia de Polícia Civil de Paranhos, com apoio de policiais civis de Sete Quedas e da Força Nacional de Segurança passaram a atuar no caso.
Em vistoria na residência do ex-capitão, que até então estava foragido, os policiais encontraram um facão com resquício de sangue, supostamente da vítima e embaixo de uma árvore próximo a residência, a polícia encontrou cobertores e lençóis, supostamente usados pelos acusados para passar a noite e uma espingarda calibre 22 e três cartuchos do mesmo calibre, todos intactos.
O trabalho de busca continuou e no final da manhã dessa quinta-feira os policiais localizaram o ex-capitão na casa de seu sogro.
De acordo com a polícia, ao ser abordado, Miltinho Lopes, que estava com as roupas sujas, inclusive com respingos de sangue, teria negado o crime e inventado duas versões.
A primeira foi que na noite do crime estava na Aldeia Limão Verde em Amambai e havia acabado de chegar na Aldeia Paraguaçu. Logo em seguida teria apresentado outra versão, dizendo que estava pescando durante a noite e havia acabado de chegar da pescaria.
Ao notar que suas versões não convenciam, o ex-capitão, que segundo a polícia já tem várias passagens pela Delegacia de Paranhos, continuou negando a autoria do crime e disse que quem executou Ângela Duarte foi seu genro, Edivaldo Benites, que está foragido.
Miltinho queria vingar filho, diz polícia
De acordo com a Polícia Civil, Miltinho, seu genro, Edivaldo Benites e outros dois indígenas, um identificado como sendo Obaldo Lopes e um terceiro que ainda não teria sido identificado, teriam executado a mulher para vingar a morte do filho o ex-capitão, um adolescente de 17 anos, que teria se suicidado dias atrás na reserva indígena.
Segundo a polícia, Miltinho Lopes acusava Ângela Duarte de ter feito um feitiço para que seu filho tirasse a própria vida.
Depois de preso o ex-capitão foi encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil de Paranhos onde foi autuado em flagrante pelo crime de homicídio doloso, posteriormente encaminhado para a cadeia pública de Sete Quedas, sede da Comarca, onde permanece preso à disposição da Justiça.